Enquanto os mandatários discutem em Nova York, reflitamos sobre dois planos práticos para equacionar com realismo o impacto das mudanças climáticas; nenhum deles exige a extinção do estilo de vida contemporâneo, mas não são estratégias sem risco
Nova York sitiada
Enquanto os mandatários globais se reúnem na cúpula do clima que antecede a 74ª Assembleia Geral da ONU em Nova York, a Terra observa o maior Dilema do Prisioneiro desde que o primeiro procarionte apareceu na Groenlândia. O impasse é elementar: o clima do nosso planeta reage à concentração de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera terrestre emitidos, no agregado, por todas as nações do globo. Consequentemente, agindo de modo a maximizar sua posição individual, países têm incentivo em descumprir seus compromissos de redução de emissões. Mais especificamente: se a França reduzir galhardamente suas emissões de GEEs em 100 unidades e o Brasil aumentar egoisticamente suas emissões de GEEs em 100 unidades, a probabilidade de ocorrência de enchentes no Rio Sena não se altera. BAZINGA!
Houston, we have a problem
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima da ONU (IPCC), considerado por muitos o maior esquadrão multidisciplinar já arregimentado para estudar um problema específico desde o big bang, a humanidade tem aproximadamente uma década para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, ou GEEs, em pelo menos 50%.
Ainda segundo o IPCC, para evitar uma provável emergência climática, as emissões liquidas de GEEs derivadas de atividades humanas teriam que chegar a zero em 2050. Caso esses cenários de redução de emissões não se realizem, o aumento da temperatura da Terra provocaria consequências brutais para os habitantes do nosso planeta. Na mesma linha, grupos ambientalistas assumem premissas ainda mais radicais e demandam emissão zero já em 2025. A alternativa, segundo estes coletivos rebeldes vítimas da síndrome de Estocolmo é axiomática: _hasta la vista, baby_ para nossa civilização.
Você não precisa ser negacionista do clima para duvidar de teorias que preconizam a extinção da humanidade. Sobretudo se você acredita na ciência que conseguiu pousar uma espaçonave na Lua utilizando um computador de bordo com capacidade de processamento de dados igual a de uma calculadora de padaria. A propósito, o Apollo Guidance Computer foi projetado pelo nosso publisher MIT, o Massachusetts Institute of Technology, sob contrato da Nasa – a qual, por sua vez, garante que as mudanças climáticas são causadas por atividades antropogênicas. BAZINGA!
O engenheiro sempre escolhe a melhor solução
Minha visão de engenheiro financista é objetiva: um evento de cauda longa que pode impactar negativamente a vida de terráqueos desvalidos exige algum tipo de cobertura de risco. Obviamente não estou me referindo a um pagamento por eventual sinistro – nesse caso, todo tipo de catástrofe climática. Minha ideia é avaliar medidas emergenciais que poderiam ser implementadas rapidamente para contrabalançar a concentração de GEEs na atmosfera terrestre. Já falei aqui dos planos A, B e C da Nasa. Agora, nesse contexto, gostaria de propor dois planos controversos, de um engenheiro, mas com potencial para equacionar o impacto das mudanças climáticas no planeta Terra:
Os negacionistas do clima seguramente criticariam ambos os planos acima ou qualquer plano pois segundo eles nenhuma ação é necessária para mitigar o risco de algo que não existe, não é causado pelo ser humano e ninguém sabe quanto vai custar. Por sua vez, os masoquistas do clima, embora sinalizem que o fim do mundo está próximo, preferem apostar na extinção do estilo de vida contemporâneo.
Não existe estratégia livre de risco e as ciladas para os planos A e B acima estão todas armadas. Meu questionamento é no sentido de entender a origem deste comportamento insano de continuar fazendo sempre as mesmas coisas e esperar resultados diferentes. A tendência de alta das emissões de GEEs per capita pode e provavelmente será revertida com mudanças comportamentais, mas o princípio da precaução formulado pelos anciãos gregos também é axiomático: é melhor estar mais ou menos certo no prazo devido, tendo em mente as consequências de estar errado, do que estar completamente errado e descobrir ser tarde demais para fazer o que é certo. BAZINGA! Crédito da imagem: Shutterstock”